terça-feira, 24 de novembro de 2009

A MUSICA NO BRASIL - PARTE 1

MÚSICA POPULAR
Na música popular o negro teve uma participação fundamental. Trazendo da África alguns instrumentos como atabaques, o agogô, a cuíca e o berimbau, e ritmos desconhecidos pelos europeus, já no século XVIII sua contribuição se faz notar nas danças e canções de rua, crescendo em importância no século XIX e florescendo exuberante após a abolição da escravatura em 1888, equiparando-se nos dias de hoje à participação branca.

ORIGENS
Os primeiros exemplos de música popular no Brasil datam do século XVII, como o lundu, originalmente uma dança africana que chegou ao Brasil via Portugal ou diretamente com os escravos vindos de Angola. Tinha uma natureza sensual e humorística que foi censurada na metrópole, mas no Brasil recuperou este caráter, apesar de ter incorporado algum polimento formal e instrumentos como o bandolim. Mais tarde o lundu, que de início não era cantado, evoluiu assumindo um caráter de canção urbana e se tornando popular como dança de salão. Outra dança muito antiga é o cateretê, de origem indígena e influenciada mais tarde pelos escravos africanos.

A MODINHA
Entre os séculos XVIII e XIX a modinha assumiu um lugar de destaque. De origem possivelmente portuguesa a partir de elementos da ópera italiana, foi citada pela primeira vez na literatura por Nicolau Tolentino de Almeida em 1779, embora seja ainda mais antiga. Domingos Caldas Barbosa foi um de seus primeiros grandes expoentes, publicando uma série que foi extremamente popular na época. A modinha é em linhas gerais uma canção de caráter sentimental de feição bastante simplificada, muitas vezes de estrutura estrófica e acompanhamento reduzido a uma simples viola ou guitarra, sendo de apelo direto às pessoas comuns. Mesmo assim era uma presença constante nos saraus dos aristocratas, e podia ser mais elaborada e acompanhada por flautas e outros instrumentos e ter textos de poetas importantes como Tomás Antônio Gonzaga, cujo Marília de Dirceu foi musicado uma infinidade de vezes. A modinha era tão apreciada que também músicos da corte criaram algumas peças no gênero, como Marcos Portugal, autor de uma série com letras extraídas da Marília de Dirceu, e o Padre José Maurício, autor da célebre Beijo a mão que me condena.

O CHORO
Durante o período colonial e o Primeiro Império também as valsas, polcas, scottischs e tangos de diversas origens estrangeiras encontraram no Brasil uma forma de expressão peculiar e que, junto com a herança da modinha, viriam a ser a origem do Choro, um gênero que recebeu este nome em virtude de seu caráter plangente. Surgiu em torno de 1880 e logo adquiriu uma feição própria, onde o improviso tinha um papel principal e estabilizando-se na formação para uma flauta, um cavaquinho e um violão, e mais tarde ampliando seu instrumental. Seus maiores representantes foram Joaquim Antônio da Silva Calado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha.

O TEATRO DE REVISTA E A ERA DO RÁDIO
Inspirado no modelo das operetas, teve seu início no Brasil em meados do século XIX com a apresentação em 1859 da peça As Surpresas do Sr. José da Piedade, de Justiniano de Figueiredo Novaes. O gênero caiu no agrado das massas e se caracterizava por ser uma crítica satírica aos costumes vigentes. Os números apresentados eram em geral canções populares ou paródias de obras célebres, acompanhadas por uma orquestra de câmara. Nos anos 30 atingiu seu auge, com encenações luxuosas e que já apresentavam as suas estrelas, as vedetes, com trajes sumários, o que deu origem à derivação do Teatro Rebolado. As companhias mais famosas foram as de Walter Pinto e Carlos Machado, revelando talentos como Carmen Miranda, Wilza Carla, Dercy Gonçalves e Elvira Pagã, que fizeram imenso sucesso. Também no fim dos anos 30 iniciou no Brasil a chamada Era do Rádio, quando este meio de comunicação assumiu um importante papel de divulgador de música popular até bem dentro da década de 50, e onde alguns intérpretes conquistaram uma audiência nacional, como Dolores Duran, Nora Ney, Vicente Celestino e Ângela Maria.


O SAMBA
Derivado da umbigada, um ritmo africano, o samba já era registrado desde 1838, e recebeu influências da modinha, do maxixe e do lundu, e no século XIX a palavra designava uma variedade de danças de origem negra. No início do século XX foi adotado por compositores como Ernesto Nazareth, Noel Rosa, Cartola e Donga, que lhe deram foros de arte retirando-o da relativa obscuridade e legitimizando-o perante a cultura oficial. A partir dos anos 30 recebeu um grande impulso através de compositores como Ary Barroso, Lamartine Babo, Assis Valente, Braguinha, Joubert de Carvalho, André Filho e Synval Silva, e de intérpretes como Carmen Miranda, e ramificou-se em várias direções, dando origem a ritmos como o samba-canção, o samba-enredo e o pagode, e influenciando a Bossa Nova. De todas as ramificações do samba uma das mais fecundas e duradouras foi o samba-canção, influenciado pelos boleros e baladas, com uma temática romântica que ia do lírico ao trágico, teve em Noel Rosa um de seus maiores compositores, e em Nora Ney, Cauby Peixoto e Ângela Maria alguns de seus maiores cantores. Maysa também foi uma grande intérprete de sambas-canção, embora sua ligação com a Bossa Nova a torne uma figura de transição.

Fonte: Wikipédia

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