sábado, 13 de março de 2010

"FORDISMO" E "TEMPOS MODERNOS"


Parecia não haver futuro para os automóveis do início do século 20: eram caros, difíceis de dirigir e de fazer funcionar. Até que Henry Ford criou a fábrica moderna e um carro simples, acessível e fácil de usar. Lançado em 1908, a 850 dólares cada, o Modelo T foi um sucesso e foram vendidos 15 milhões em cerca de 20 anos. Ao contrário dos outros modelos, não eram brinquedos quase artesanais para os ricos se exibirem e sim um produto em série para usar todos os dias.
 
Para ter um produto mais barato, Ford inventou a linha de montagem. As várias etapas de fabricação foram distribuídas ao longo de uma esteira rolante e cada empregado deveria acoplar um componente padronizado. A idéia era evitar hesitações e perda de tempo.
 
Gente de todos os Estados Unidos foi atraída pelo trabalho que era repetitivo e cansativo, mas bem pago: cinco dólares por jornada de oito horas de trabalho - o dobro do que se pagava na época por 12 horas. Além da criação de uma classe média, essas mudanças provocaram grandes transformações econômicas e sociais, conhecidas como fordismo (foi o sistema de produção que mais se desenvolveu no século XX, sendo responsável pela produção em massa de mercadorias das mais diversas espécies).
 
Com o avanço de Ford e seus concorrentes, de fornecedores de peças, de revendedores e oficinas de reparos, os postos de gasolina e as estradas asfaltadas se multiplicaram. Com o carro, as pessoas puderam viajar mais e morar longe das áreas centrais. A poluição, o barulho, os acidentes e os congestionamentos substituíram outros problemas urbanos: no início do século, os cavalos espalhavam em Nova York mais uma tonelada de esterco e 200 mil litros de urina por dia.
 
Nascido e criado numa fazenda, passou a infância desmontando coisas, especialmente relógios. Começou a carreira como mecânico, engenheiro e, depois, tornou-se dono de um império com siderúrgicas, usinas, navios, ferrovia e minas de carvão. Apesar de empresário genial, era mau administrador. Gostava da fábrica e não do escritório. Não tinha paciência para balanços, detestava banqueiros e mantinha dinheiro vivo no cofre.
 
Também não era muito bom em marketing. Durante 19 anos, produziu apenas o Modelo T preto. Um dos slogans da campanha de vendas era exatamente esse: você pode ter o Ford que quiser, desde que seja na cor preta. Lançou o Modelo A em 1927, com mais cores, mas já estava sendo ultrapassado pela General Motors.
 
Ford sofreu seu primeiro acidente vascular cerebral em 1938, o que o afastou da vida pública. Ele morreu aos 83 anos de hemorragia cerebral. O fordismo teve seu ápice após a Segunda Guerra, e, nos anos 1970, houve queda da produtividade e lucros, o que obrigou a uma revisão da filosofia produtiva criada e implantada pelo fundador do império Ford.

No filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin faz uma crítica ao sistema de produção do fordismo.

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